Olá! Sou o tarô, posso falar com você uns minutinhos?

Não tenham medo. Quando no princípio apareci, seus irmãos também temeram-me por não conhecerem-me. Eu tive paciência e esperei; permiti que aos poucos, respeitando tuas dificuldades, viessem a mim.
Sou a irmã mais velha do tempo, embora muito mais nova que a criação; sou presente em todos os momentos da vida relativamente nova desse universo. Eu já estava aqui quando ele nasceu e, sei, que aqui ficarei quando ele chegar a teu fim.
Contarei aos futuros seres de futuras dimensões quem vocês foram, porque se foram e para onde, com o fim, suas almas hão de ir. Saibam que sou a testemunha fiel, a observadora imparcial e a acompanhante calada dos eventos. Aprendo e ensino com o passar das ações, usando na mão direita o
bastão do acerto e na esquerda o do erro, mas a capa da experiência
jamais se aparta de mim.
Alguns me agradecem pela ajuda, uns outros poucos chamam-me com voz fraca e indecisa, enquanto a maioria que pena! _ passam suas breves vidas sem sequer me conhecer.
Eu sou o bálsamo do sábio, o remédio do desesperado, o rumo do perdido e o troféu do vitorioso. Sou o alicerce das civilizações, o princípio do conhecimento, a avó das ciências, a parceira de quem busca e a amante dos antigos.
Serei tua se me achares, entregar-me-ei se você me possuir, te encherei de dádivas se me revelares, mas vou ignorá-lo se não me conheceres, despresá-lo-ei se ao menos uma vez não me desejares, se não me cortejares, somente te desejarei a morte. Aos que me têm, a glória; aos que não me conhecem, as trevas; aos que me usam, a felicidade; aos que me temem, a demência. Sou a esposa do justo, a companheira do sensato, a noiva do iluminado. Sou a que partilha sem volta, a que dá sem pedir, a que oferece sem interesse. Sou a que sou... sendo!
Se ainda não me descobriste, sua caminhada mal começou. Você ainda está longe do paraíso prometido. Mal nasceste para a verdadeira vida.
Mas _ como sempre _ não lhe quero mal, por isso hei de revelar-me sutilmente a ti, para que com um mínimo do meu resplendor, possas mais ardorosamente, continuar a me procurar... eu sou a Sabedoria!
Mesmo sabendo que ainda não estais pronto para mim, deixar-te-ei pistas e caminhos, e te esperarei desejosa de teus braços, não sem antes, passares pelas provas de seu valor.
Segue teu caminho escolhido como se tua vida disso valesse.
Não se preocupe, vamos nos encontrar inúmeras vezes durante esse percurso; vou te animar, fortalecer e incentivar. Sempre dar-lhe-ei novas pistas, encher-te-ei de conselhos e farei da tua existência, um oceano de infinitas felicidades.
Os teus semelhantes hão de taxá-lo de Louco, mas eu te nomearei sábio; a turba irá temê-lo, execrá-lo e maldizê-lo, eu te chamarei de Santo; a multidão há de agredi-lo, mutilá-lo e
matá-lo, eu te darei a imensidão.
TRECHO DO LIVRO - OS SEGREDOS SAGRADOS DO TARÔ ( ROBERTO CALDEIRA)